domingo, 17 de agosto de 2008

Fragmento de um momento






Margarida passeava pelos jardins, colhendo energia e deixando a raiva de uma vida mal vivida. Na bolsa um celular e espaço sobrando para a solidão de tantos anos, mais ainda assim, não podia ocupar este espaço com distrações mundanas. Sabia que havia chegado a um momento crucial, não podia a cultivar a infelicidade como o Pequeno Príncipe cultivara a sua rosa. Era necessário mudar. Varrer a "sujeira de baixo do tapete". Enquanto escrevia em seu diário, as mudanças que gostaria de implementar pousou por questões de segundos uma borboleta, vôou um palmo a sua frente e saiu voando liberta pelos espaços dos jardins. Fechou seu caderno, e pareceu mais divertido seguir essa borboletinha graciosa do que queimar os neurônios com algo que, no momento, não teria como resolver tudo de uma vez, como era normal de sua personalidade imediatista.

Cruzou aqueles jardins enormes e centenários, nesse jogo de esconde esconde, entre plantas, arvores, arbustos, flores...e, foi em uma Vitória Régia que ela pousou. Margarida, extasiada, olhava a vitória régia e a borboleta, quando avistou seu próprio reflexo naquele lago. Olhou ainda, mais uma vez para a borboleta, e quando olhou novamente para seu reflexo, notou quando a imagem de um homem fez companhia ao seu rosto estampado na superfície. Observaram mutuamente as suas imagens refletidas e sorriram... Cumplicidade instantânea.

"Bonita borboleta, não ?" - Ele pergunta


"Sim, eu a estava seguindo" - Margarida respondeu.


"Sim, eu sei...Eu sei..." - Respondeu, sorrindo para Margarida.


"É impressionante, quando o seu foco muda, boas surpresas sempre surgem" - pensou Margarida sorrindo para aquele estranho.


- Café ? Vc gosta ...? - Perguntou ele


- Adoro...- Respondeu.


E, esse fragmento de um momento, durou até o fim da tarde de sol, onde os dois foram expulsos dos café do jardins pelos mosquitos e pelos donos do café.






Nenhum comentário: