quinta-feira, 28 de agosto de 2008

A Dor Extinta






















Todo o ser humano experimenta a dor em algum momento da vida. Seja ela dor física ou espiritual, todos passamos por isso, algum dia. Não somos diferentes, mas tanto a dor quanto a felicidade tem hora e dia para acabar, só que o grande mistério, para o findar de ambas, é quando tempo elas irão durar.

Ela estava acostumada a sentir um peso no peito. É a lacuna da morte que o amor deixa quando se vai. O amor é sinônimo de vida. Nada consegue preencher esse vazio.

Sabemos, que tudo na vida tem seu tempo para findar. E, foi num dia comum como qualquer outro, que ela fora surpreendida...

Ela iria almoçar às 13:00, procurou seus óculos escuros na bolsa e preparava-se para sair do prédio, quando aquele que havia despertado tanto amor e paixão passou na sua frente.

Ela acalentava o pensamento que após um término de relação, e este tivesse caráter definitivo, o universo conspiraria para repelir o encontro de ex-amantes.

Sabia que o dia em que o visse, iria cair dura e tisga. Afinal, tanta intensidade não podia dar em nada. Pelo menos aquele frio na barriga e o tremor nas pernas teriam de se manifestar.

Do outro lado da rua passara alguém que lhe era familiar, apenas tentava lembrar de quem era aquele rosto. Foi quando, como um pop-up, em sua tela mental estampou a imagem do homem, que lhe tirara o sono durante várias noites, se revelou. Tomou um susto. Te-lo visto, foi o menor dos seus problemas, mas o que sentiu deixou a pasma. O frenesi de dor e mágoa acabara. Ficou estupefata repetindo..."Meu Deus, Meu Deus...passou". A dor se extinguira, o vazio desaparecera, a visão de que ele era um homem mais que perfeito e ela uma vilã de novela terminara....Nada...Apenas o som da Rua da Assembléia e seu burburinho na hora do almoço e um belo dia de inverno.

Acomodou seu óculos escuros, colocou o seu i pod - "Abra seus armários, que eu estou a te esperar" tocava, abriu um sorriso, olhou o céu azul com o sol de inverno e, sem demora mergulhou na vida.

Ela se bastou.

domingo, 17 de agosto de 2008

Fragmento de um momento






Margarida passeava pelos jardins, colhendo energia e deixando a raiva de uma vida mal vivida. Na bolsa um celular e espaço sobrando para a solidão de tantos anos, mais ainda assim, não podia ocupar este espaço com distrações mundanas. Sabia que havia chegado a um momento crucial, não podia a cultivar a infelicidade como o Pequeno Príncipe cultivara a sua rosa. Era necessário mudar. Varrer a "sujeira de baixo do tapete". Enquanto escrevia em seu diário, as mudanças que gostaria de implementar pousou por questões de segundos uma borboleta, vôou um palmo a sua frente e saiu voando liberta pelos espaços dos jardins. Fechou seu caderno, e pareceu mais divertido seguir essa borboletinha graciosa do que queimar os neurônios com algo que, no momento, não teria como resolver tudo de uma vez, como era normal de sua personalidade imediatista.

Cruzou aqueles jardins enormes e centenários, nesse jogo de esconde esconde, entre plantas, arvores, arbustos, flores...e, foi em uma Vitória Régia que ela pousou. Margarida, extasiada, olhava a vitória régia e a borboleta, quando avistou seu próprio reflexo naquele lago. Olhou ainda, mais uma vez para a borboleta, e quando olhou novamente para seu reflexo, notou quando a imagem de um homem fez companhia ao seu rosto estampado na superfície. Observaram mutuamente as suas imagens refletidas e sorriram... Cumplicidade instantânea.

"Bonita borboleta, não ?" - Ele pergunta


"Sim, eu a estava seguindo" - Margarida respondeu.


"Sim, eu sei...Eu sei..." - Respondeu, sorrindo para Margarida.


"É impressionante, quando o seu foco muda, boas surpresas sempre surgem" - pensou Margarida sorrindo para aquele estranho.


- Café ? Vc gosta ...? - Perguntou ele


- Adoro...- Respondeu.


E, esse fragmento de um momento, durou até o fim da tarde de sol, onde os dois foram expulsos dos café do jardins pelos mosquitos e pelos donos do café.






quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Outros Olhos


Pequenos gestos
Grande poesia
Suspiro
Cansaço
Detalhes entre nós
Palavras, sempre meias palavras
Nunca o conteúdo esperado
Diga-me o significado do por do sol
Se para ti ele não brilha
Do que vale acreditar ?
Porque nas noites em que durmo pouco
E por pouco, não me desespero
Aguardando alguém melhor
Algo melhor
Penso no alivio do porvir
Tal qual como sonho
que realiza-se após grande batalha
Vivo do futuro
E isso, me consome...
O que consome sua alma ?
Deixa-me entrar
No seu mundo
Encoberto pela descrença
E, quem sabe
Vendo o mundo com meu coração
Possas finalmente enxergar
Que todas as coisas são um milagre.

domingo, 3 de agosto de 2008

Verdadeira Identidade

Eu não sei se me entenderás. Entenderás a natureza que me guia?
Necessito acreditar em estórias de amor improváveis;
Onde ao final os meios justifiquem o fim.
Eu não sei se entenderás as imperfeições impressas em minhas ações,
Que se deixa levar pelo poder, pelo paixão, pelo desejo, pela raiva, pelo ódio
para que os meios justiquem o fim.
Eu não sei se entenderás que eu compreendo todas as teorias
mas, não possuo a força de vontade necessária para coloca-las em prática, mas se eu me apaixonar, condição necessária, enfrentarei os piores fatos, as piores verdades para seguir esse pulsante, brilhante, e incandescente este orgão que me guia...
E uma vez atingido, o cinza de meu temperamento ranzinza, meu coráter duvidoso, vai se cercar de "uma existencia superiormente interessante" para decompor me em maravilha, prisma de sete cores, trazer ao meu sorriso a verdadeira identidade que possui, e verás no centro do meu peito a luz da alma que habita em mim.
Identifica-me...
Guia-me...
Reconheça-me...