quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Platônica




Sobrara o velho vício de sonhar...

Ela contunava a alimentar sonhos de romances impossíveis.
Uma mulher tão forte, mas enfraquecia sua virilidade rosa criando em sua imaginaçãozinha mais uma estória de filme romântico. Se recusava a ser cética, mas sabia que havia alguma verdade na realidade, mas só para contrariar se recusara a acreditar, vivenciando as ilusões como uma maneira de escapar do espelho que dizia todos os dias que o viço de antes já não estava mais lá.

Ainda assim, com toda a realidade a berrar-lhe nos ouvidos que ela não tinha a menor chance, enamorou-se dele. Amor de um lado só. Seu temperamento irritado e inconstante deu lugar a uma calorosidade (se é que essa palavra existe) que derreteria até as calotas polares e uma receptividade tão grande que nem o Grande Gatsby a barraria como anfitriã. E, era assim, abrindo os salões de baile de seu coração que ela aguardava os sinais da presença de seu menino.

Uma carta, um bilhete, um e-mail, um almoço, um happy hour, uma palavra...Ia alimentando-se de esperança...Ia fazendo fotossíntese com a luz do amor imaginário que ela inventara para fugir da realidade. Certa feita, em uma conversa informal que os dois divertidamente mantinham antes de adentrarem em um bar, ele disse que havia sonhado com ela, e que seus familiares ouviram chamar-lhe pelo seu nome. Neste dia, a razão fora passear enquanto o coração tentava arrumar a casa. Sentaram-se em um bar nas proximidades da loja de discos em que trabalhavam, e enquanto ele falava, ela o observava com uma vontade barbara de beija-lo...Seus cílios compridos, a risada fácil, a inteligencia previlegiada, a empatia compartihada em idéias e na presença reconfortante que sempre a enternecia.

Enquanto ele ia ao toalete, a razão retornara se seu passeio, e foi colocar o coração no seu devido lugar. Quando ele retornou, havia uma notinha escrita em um guardanapo dizendodizendo :

"Querido,

Me sinto ridícula em te dizer, mas adoro-te.

Penso em esses seus olhinhos quase o tempo inteiro e, quando não sei de ti, abre-se uma lacuna em minha vida. Mas, acredito que esta ficará sem o preenchimento da palavra necessária para dar sentido a frase, por muito tempo...

Pelos gostos que tens e as mulheres que possuistes, dentre todas seria a última opção. Primeiro, pela idade, segundo pela forma, e terceiro jamais burlaria as regras de tua vaidade.

Peço que em perdoe, mas sendo tu o que és, já me cativaste. E sendo assim, preciso te esquecer antes que isso vire uma norme balburdia em minha mente.

Pediu demissão da loja, pegou sua mochila e foi viajar.

Precisava completar a lacuna com uma palavra que o amor não lhe dava, aliás nunca lhe dera.

O amor a aprisionava, então estava disposta a substituir por uma palavra diferente : Liberdade. No momento, além do seu vício se sonhar seria a que faria mais sentido do que àquela que sempre a governara : platônica.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

O conforto do recanto da imaginação de Poliana

O dia é frio então migrarei meus pensamentos para um dia fresco de outono;
Se a solidão me assola, vejo o amor chegar em um olhar cativante de um verdadeiro cavalheiro a mostrar sua cumplicidade em meu viver;
Se o silêncio se faz, em um salão majestoso em um segundo todos os meus amigos riem e brincam realizando e comemorando a grande cerimônia da vida;
Se meus sonhos demoram a se realizar, passo um filme em que cada etapa do processo se dê, até que de imaginação eles possam tornar-se força de vontade para que se concretizem.
Se meu rosto não possui o viço de antes, preço a ajuda a menina que vibra em mim e sei que sou muito jovem ainda.
Se um amor do passado vem trazer a saudade, imagino-me em outros braços e esse moço será aquele que me ofertará seu coração e uma vida de felicidade a ser partilhada.
Se meu ânimo não dá asas a meu coração para influenciar minha imaginação, a ajudo com um bom livro ou um bom filme que traga -me de volta a alegria de brincar de viver;
E, se finalmente tudo isso falhar...Resta-me olhar firmemente nos rostos daqueles me me amam verdadeiramente, e que confiam que eu possa realizar qualquer coisa, e penetrando nesse sonho dos meus amados de fé, reencontro a imginação perdida, para recomeçar o jogo doce de Poliana, e sempre com satisfação, a vida levar.