segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A Maldita

Não posso afirmar categoricamente quando os fatos começaram a se apresentar suscintamente estranhos. Na verdade é uma estranheza apenas reconhecida por mim, ou pela doença que me acomete cada vez que ele sai de meu domínio. Ele chora como um homem personagem de um filme de Almodovar, e se já viu o filme que menciono, sabe que o choro sentido é de algo perdido que não retorna mais. O choro não é por mim. 

A falta e exclusividade dos amores perdidos no caminho, as ilusões de promessas erdidas, as noites tórridas que não são mais intermináveis, a ruptura e o fim. 



E, a maldita que chegou antes de mim, tatuou na alma dele uma marca invisível que se revela para mim, em momentos como os de choro, aqueles que não concretizou porque o amor foi interrompido no auge da paixão. Que ele sai do ar do meu dominio, do meu coração e entra em universo que não faço mais parte.



A tristeza é descobrir que no coração de todo o homem existe um cemitério onde jazem as paixões inacabadas que nenhuma outra mulher atingirá. 


Eu sou uma boa mulher, oferecendo um coração genuíno que não será reconhecido. Oferecendo uma vida que não poderá completa-lo. Certa feita, comentou comigo que só se sabe que esta perdidamente apaixonado quando o outro vai embora. Será que terei que ir para que ele se dê conta ?


Sei que tambem sou maldita no coração de algm homem. Será que esse ciclo de morte e infelicidade tera fim ?





  

domingo, 12 de julho de 2009

Encantados



Manhã preguiçosa
Chovia e ventava forte

Veio o susto! - (Será um anúncio do medo eminente ?)
Receosamente pensei
Fechei meus olhos
E, imaginei ...
Um dia branco
Alvo como uma tela
Colorindo-se aos poucos
Sendo pintado por nossas aquarelas
"Se assim vc vier
Para o que der vier"
O passado lá está
Amanhã ninguém saberá
Nossos pincéis dirão ao hoje
O que queremos viver
Em tons pastéis ou cores fortes
Talvez, até frias
Convido a se juntar a mim

Colorir comigo colorir esse dia!
Somente esse dia !!
Para ficar ali gravado
E, ao final da noite
Nos olhares trocados
Os sorrisos e beijos,
Nossos olhares
Observando a obra
O dia não é mais branco,
E, outros que virão
Não serão mais tão cinzas
Nesta tela, deste dia
Lançaremos sobre ela nosso olhar
E, finalizaremos nossa arte
Com a paixão que abençoa os encantados.

domingo, 5 de julho de 2009

Precezinha...







Querido Deus,


Hoje, especialmente eu gostaria de acordar, esticar o braço e ver que o lado esquerdo da cama não está vazio.

Queria ter feito aquele sexozinho ameno da manhã de domingo, tomar café na padaria com the one, juntos iríamos a um parque passear e arrematar com um cinema de tarde.

Domingos não me deixam bem.

Domingos são dias propícios para namorar. E eu para variar, sozinha.

Hoje, para não me deixar azedar, comi doce.

Chocolate, brigadeirão, rocambole e para arrematar morangos.

Deus, mande logo aquele meu namoradinho

Antes que eu vire um bujaozinho,

Amém!

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Morando entre as estrelas



Esta estória é dedicada a Clementina Marques de Jesus, minha avó, que faleceu em uma data boa para os cristãos, na Páscoa, data de renascimento.

Vovó foi quem me criou, e foi-se de repente. Ela costumava dizer uma frase, que nós ríamos muito, e que demonstrava a objetividade que sempre tivera : "Ja comi, já bebi e nada mais me prente aqui". E, ela se foi assim, pois nada mais a prendia aqui. Tinha cumprido o seu papel.

Vovó e eu sempre tivemos uma sensibilidade a mais para a eletricidade no ar ou as energias etéreas que permeiam a existencia dos seres humanos e que, por muitas vezes, não percebemos. Compartilhavámos laços mais fortes do que os laços de família, estaremos unidas sempre pelos laços do coração.



Tinham ido ao parque de diversões, a avó e a netinha. A fim de que pudessem ir em seu brinquedo favorito. Apesar da diferença da idade, não se sabia ao certo qual das duas era a mais velha. O fato era de que sempre haviam compartilhado as emoções e sensibilidades que muitas vezes passam alheias na vida da maioria dos seres humanos. Ambas tinham vontade de chorar ao verem um lindo por do sol, e quando olhavam as estrelas se sentiam parte da Criação. Nas rádionovelas sentiam medo, terror, amor, e a tristeza de todos os personagens, e por sentirem e vivenciarem as emoções dos outros como se fossem as suas próprias, é que entendiam tão bem de seres humanos.
Muitas vezes adivinhavam-lhes o pensamento antes mesmo de verbalizarem. Por isso, como nem sempre a verdade agrada, tinham poucas amizades, mas as que possuiam eram duradouras.
E, assim existiam juntas, passando por dificuldades, alegrias, perdas e resgates até o dia do carrousel.

O brinquedo estava esquecido em um cantinho do parque, o predileto delas, onde não havia muita gente, e podiam ficar a vontade a compartilhar gargalhadas sem se importarem com expectadores a julgar-lhes. As duas subiram e deram o sinal ao rapaz que manejava o brinquedo.
A netinha subiu no cavalo azul com fitas douradas, e avó no malhadinho com fitas amarelo-ouro. Giraram felizes por muitas horas, se imaginando em pradarias, campos, pampas, vinícolas, alpes, vales e montanhas.

- Neta, sabe um lugar que ainda não estivemos ?
- Qual, avó ?
- As estrelas, nunca sonhamos em cavalgar entre as estrelas.

Colocaram-se a caminho do Universo. Visitaram planetas, apostaram corrida com cometas, se pederam em nebulosas, assistiram emocionadas o nascer de uma estrela, brilharam ao lado do sol, tomaram banho de brilho prata na lua. Quando passaram por Marte, a caminho da Terra algo se modificou no semblante a avozinha, e então a neta entendeu o próposito daquela viagem.

- Avó, já entendi. Precisas ficar, não é mesmo ?
- É, minha neta...Preciso sim. Não te demores, o dia já amanhece. Arreia teu cavalo e parte. Serei parte das estrelas cadentes que passam apressadas, serei a primeira estrela que verás no céu, e cuidarei da tua existência que está impressa no véu azul profundo do universo desde o dia que nascestes, e cuidarei do teu regresso, no dia que subires em seu cavalo azul com fitinhas douradas cavalgando correndo e estarei a te esperar.

A neta deu-lhe um beijo na testa e um abraço apertado, e desceu a Terra.

O rapaz que estava adormecido, acordou e se deu conta que havia passado tempo demais cochilando, parou assustado o brinquedo, olhou-a a menina com espanto, e indagou-lhe onde estaria a sua avó, e a neta ainda um pouco triste respondeu-lhe:

- Não se preocupe! Ela apenas voltou para casa. - E apontou para a primeira estrela que surgiu ao cair da noite.

sábado, 4 de abril de 2009

Off Line

E, foi assim depois de um conversa franca de msn, que ela decidiu ir embora.
Protegia seu medo...Alimentava o desespero...Poupando-se de vivenciar certos fatos e lembranças de suas escolhas ruins.
Pela primeira vez, resolveu ser racional.
Virou as costas, desligou o computador, e pesarosa o excluiu.
Sabia da sinceridade do rapaz mas, não conseguiria dividi-lo.
Ainda que fosse mera ilusão, pois, não sabiam se de fato, os sentimentos incandescentes teriam vazão pelo toque da pele de ambos.
Da virtualidade restou o encanto, as conversas de madrugada, as experiências vivenciadas, a afinidade, a recém conquistada da intimidade e o poder que as palavras possuem formando um universo paralelamente diferente existindo apaixonadamente fora da realidade, e é claro, a saudade.
Ela se desligou da vida, e colocou-se off line do mundo real, acessando em algum lugar de sua alma os sonhos de menina.

quinta-feira, 12 de março de 2009

This Unfaithfull Woman of Mine


Eu havia acreditado nas palavras de ternura e amor.
Aliás, nossa relação foi assim, permeada de palavras.
Era só o que podíamos trocar.
Não sabia o que fazer.Como não sei até hoje.
Afinal, antes só do que muito acompanhado.
Quero tudo, mas não dá.
Quero minhas amadas, meus amores, quero todos os amigos (os do passado e do futuro).
Mas, o futuro como diz o popular : "a Deus pertence".
E, que continue em Seus desígnios.
Decidir qualquer caminho seria doloroso em demasia.
Pelas dores que senti, preciosidades humanas que perdi,
Não consigo me desfazer de mais nada.
Ela se dizia que era só minha. Qual o que!
Mas tenho que ser justo.
Encontrei minha cara metade até nas atitudes mais egoístas e medrosas.
E não é, que ela queria tudo também?
Quando descobri que a SENHORA DO LAGO (mítica e endeusada) era um ser humano comum....Resolvi me perder no ódio.
Afinal, o que mais restava além de subverter, converter, verter a impossibilidade desse amor ausente em ódio ?
Tinha que arrancar da alma esse morteiro que atingiu em cheio o meu ego.
Precisava esquecer que eu não era o único...
Ela, assim como eu, também tinha a alma partida...
Eu, por obrigação, ela por comprometimento.
Amava os dois e não conseguia se desvencilhar.
Ahhh, esse ódio tem me consumido...Mas, prefiro te-lo, para poder me lembrar :
Dos olhinhos rasgados e seus poemas;
Dos momentos em que nos isolavamos do mundo;
Quando me perdia em sua boca macia e em seu mundo.
E, sem receio, ela se entregava ao meu.
E que em noites de luar, chega em minhas narinas, o seu perfume....
E depois de tanto lembrar, odiar para esquecer!
E, esquecendo....Novamente, lembrar.
Sei que ela também pensa em mim...
Deitada em sua cama, nua nos braços de outro, depois de fazer amor...
Lembra-se como era estar nos meus braços, beijar minha boca suavemente...Jantar, sair, rir e achar graça na chuva que sempre abençoava nossa breve vida a dois.
Mas, como ela ainda é minha cara metade,
Vai me odiar tentando me esquecer...
E, tentando se esquecer, cada vez mais, vai lembrar....
Ouvindo: "Wouldn´t be nice!" - Beach Boys